sábado, 25 de agosto de 2012

Nada quero


Não; nada quero, nada vou querer.
Só o silêncio, que me dói saber
Que nada sou nem quero, me vem dar
a sensação de nada desejar.

Bem sei: há rosas em jardins de alguém;
No alto do céu a lua brilha bem;
O amor é jovem sempre, e o fado mudo.
Mas nada quero, pois negar é tudo.

Talvez que noutro clima do mistério,
Sob outro signo de outro ser sidério,
Se me abra a porta ou se me mostre a estrada...
Neste momento só não quero nada.

Fernando Pessoa.

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