quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Há Dias..


Há dias de tanta angústia 
Que não sei do que ela é.
Não sei se me sobra o sonho.
Não sei se me falta a fé.

É uma angústia que nasce,
Como de um solo, de mim,
Que parece ser eu todo
Com razão de ser assim.

E esmaga-me toda a alma,
Confunde todo o meu ser 
E tudo gira em meu torno
Sem eu o compreender.

Mágoa como um portão velho,
Ferrugem da quinta em fim,
É uma angústia que cai,
Como num solo, por mim. 

                                                                                   Fernando Pessoa.  5-3-1931

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